As origens da Burocracia
Visando buscar a racionalidade técnica necessária para projetar e construir um sistema administrativo, a administração burocrática se iniciou na Europa no inicio do século XX, baseando-se nos tipos de relacionamentos humanos necessários para expandir a produtividade. Com o passar do tempo a medida que as empresas iam crescendo em seu tamanho e complexidade, veio a necessidade de organizar melhor seu crescimento, assim , aplicando se a teoria da administração como forma de manter o crescimento da empresa sem perder o controle dela.
Hoje em dia, burocracias são encontradas na política, religião, negócios, no militarismo, educação e muitas outras organizações.
Os Estudos de Weber
Max Weber (1864-1920) nasceu em Erfurt, Turíngia, parte da Alemanha mas na ocasião sob dominação da Prússia. Foi um sociólogo, que teve destaque pela teoria das estruturas da autoridade. Formado em Direito, passou a sua vida toda sendo professor de Universidade. Weber era considerado um alemão liberal, com preocupação com os problemas do mundo. Tinha uma vasta formação, dentre elas em Historia, Literatura, Psicologia, Teologia, Filosofia e Filologia.
Weber nunca produziu um trabalho temático integral, sendo que seu principal texto Economia e Sociedade foi montado por partes manuscritas sem uma ordem a seguir. Somente depois de 1940, que Weber teve suas teorias reconhecidas. Devido a necessidade de se pensar sobre o crescimento das organizações, houve então a vontade de analisar o crescimento e complexidade das empresas, e Weber já descrevia bem sobre os estudos do desenvolvimento das organizações.
A Burocracia de Weber
Weber estudou sistematicamente sobre o que seria a Burocracia ideal, embora algumas características já se encontravam em algumas organizações, Weber procurava estabelecer uma estrutura, estabilidade e ordem às organizações por meio de uma hierarquia integrada de atividades especializadas, ou seja, definidas por regras sistemáticas.
A Burocracia tinha as seguintes características:
1 - Divisão do trabalho. Eram divididas as tarefas nas mais simples, para qualquer possa sem especialista num tempo mínimo. A especialização fazia com que ganhasse tempo e que ficasse bem produzida.
2 - Hierarquia da autoridade. Cadeia de comando. A organização se estrutura de modo que põem se em evidencia a importância do comando e posição para mandar.
3 - Racionalidade. Todos os membros da organização são selecionados com base na qualificação técnica para um desempenho adequado. O critério guia era simplesmente o grau de adequação do potencial do empregado em termos de educação, treinamento, conhecimento e habilidade.
4 - Regras e Padrões. As decisões gerenciais são guiadas por regras, disciplinas e controle.
5 - Compromisso profissional. Os administradores trabalham por salários fixos e não são os donos dos negócios que administram.
6 - Registros escritos. Objetivar a continuidade organizacional e alcançar uniformidade de ação, registrando com detalhes as transações organizacionais.
7 - Impessoalidade. As regras e os procedimentos são aplicados de modo uniforme e imparcial.
A Teoria da Autoridade
Conhecida como sistema de controle social, Weber distingui o conceito de autoridade em confronto com outras formas de influencia, por exemplo , o poder e a persuasão. Para Weber a essência da autoridade é que as ordens ou decisões são obedecidas voluntariamente, pois a fonte de onde elas emanam é considerada legitima e envolve a previa suspensão do julgamento da sua natureza. A autoridade do individuo repousa no cargo e não na pessoa que o ocupa.
Para Weber, a autoridade apresenta os seguintes diferenciais, por exemplo, ela implica obediência voluntaria, por legitima e legal, implica na suspensão antecipada do julgamento pelo subordinado e é induzida pelo grupo.
A autoridade legitima apresenta três tipos puros e ideais e que depende da natureza da sociedade em que se aplica. São eles:
- Autoridade tradicional. Baseada em questões de ordem social sagrada, por exemplo, tribo, clã e família.
- Autoridade carismática. Concentrada na aceitação de uma ordem encarnada numa pessoa, sendo esta pessoa com traços místicos, arbitrários e personalisticos. Exemplo: grupos religiosos.
- Autoridade racional. Baseada em normas sociais, administradas pela meritocracia. Exemplo: Exército, administração publica.
As Funções da Burocracia
A burocracia estabelece funções poderosas, muitas vezes vistas como vantagens nas organizações, estas funções incluem:
- Especialização. Objetiva o crescimento da produtividade.
- Estrutura. Objetiva forma ou conteúdo da organização.
- Previsibilidade. Objetiva estabelecer o efeito de estabilização da experiência valida.
- Racionalidade. Procura estabelecer julgamentos de acordo com o objetivo, aceitos por critérios gerais.
- Democracia. Objetiva estabelecer a competência como a única base para o alcance e manutenção de um cargo.
As Disfunções e Modelos da Burocracia
Max Weber não teria previsto e isolado as conseqüências imprevistas da burocracia, segundo Peter Blau e Richard Scott no livro Organizações Formais, apresentando uma forma idealizada onde apenas transpareciam as virtudes do sistema.
Essas disfunções são basicamente:
- Maior internalização das diretrizes.
- Maior despersonalização nos relacionamentos.
- Hierarquia como base do processo decisorial.
- Formalismo e conformidade às rotinas.
O Modelo Burocrático de Merton:
1º Exigência de controle.
2º Ênfase na confiança no comportamento.
3º Rigidez de comportamento e defesa mútua na organização.
4º Justificativa da ação individual.
5º Grau de dificuldade com os clientes.
6º Sentimento de necessidade de defesa da ação individual.
O Modelo Burocrático de Selznick
1º Exigência de controle - Delegação de autoridade.
2º Grau de treinamento em assuntos especializados.
3º Divisão de interesses - Departamentalização e estabelecimento de subobjetivos.
4º Teor das decisões.
5º Internalização de subojetivos pelos participantes.
6º Internalizaçao dos objetivos da organização pelos participantes.
7º Operacionalidade dos objetivos da organização.
O Modelo Burocrático de Gouldner:
1º Exigência de controle - Adoção de diretrizes gerais e impessoais.
2º Visibilidade das ações de poder.
3º Nível de tensão interpessoal.
4º Conhecimento dos padrões mínimos aceitáveis.
5º Diferença entre objetivos da organização e sua realização.
6º Rigor da supervisão.
Contingências da Burocracia
Para muitos teóricos de organizações, as características burocráticas são apropriadas para grandes empresas. Em geral, os estudiosos interessados na influência do tamanho nas características organizacionais, se centraram nas dimensões burocráticas da formalização, especialização, padronização e centralização. Segundo eles, argumentaram que logo as organizações crescem em tamanho, elas tem que controlar e coordenar as atividades e o trabalho de um grande número de empregados, com supervisão pessoal do seu comportamento bastante cara. A burocratização permite que a organização reduza os custos desta coordenação. As grandes organizações estão associadas a altos níveis de burocracia, isto é, assumem dimensões burocráticas.
Existem diferenças básicas entre grandes e pequenas organizações, por exemplo, organizações grandes estão associadas ao numero crescente de níveis gerenciais, grande numero de atividades e departamentos, crescente especialização de habilidades e funções, grande formalização, grande descentralização pela delegação, grande percentagem de técnicos e profissionais de “staff”, dentre outras coisas mais.
Infelizmente o termo burocracia evoca associação com ineficiência e com muitas coisas que as pessoas não gostam em grandes organizações, mas o significado popular é contrario ao que realmente proposto por Weber. Existem duas correntes de trabalho que examinaram a relação entre tamanho e burocracia. A primeira sugere o crescimento organizacional que leva a ineficiência administrativa. Já a outra mostra que a crescente burocratização atualmente leva a melhores desempenhos com o crescimento organizacional.
Críticas e Reformulações à Burocracia.
Pesadas críticas tem sido estabelecidas ao conceito de burocracia de Weber, pelo numero de desvantagens que ocasiona, como: Ênfase exagerada nas regras e procedimentos, manutenção de registros e papeladas; executivos podem desenvolver uma dependência do status burocrático; a iniciativa pode ser sufocada; suposições e responsabilidades na organização podem levar ao comportamento burocrático oficioso.
A burocracia se originou das necessidades organizacionais de ordem e precisão, e da demanda de tratamento imparcial aos trabalhadores. Ela foi uma organização idealmente criada para os valores da era vitoriana.
Existem pelo menos quatro ameaças à burocracia:
1- Mudança rápida e inesperada.
2- Crescimento em tamanho.
3- Complexidade da moderna tecnologia.
4- Uma ameaça basicamente psicológica, ocorrendo rapidamente a partir de uma mudança no comportamento gerencial.
O fato, entretanto, é que a burocracia se aplica a todos os tipos e tamanhos de organizações formais. Seu estudo consiste na análise das estruturas organizacionais formais, do comportamento humano dentro dessas estruturas e do poder.
Relação entre as Teorias Clássicas
A Escola da Administração Científica defende um estudo mais detalhado, indutivo, empírico, sobre cada tarefa, para determinar como ela poderia ser feita mais eficientemente.
As Teorias Administrativa e da Burocracia são menos empíricas, mais axiomáticas ou dedutivas, com modelos prescritivos não necessariamente baseados em estudos empíricos particulares.
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